domingo, 8 de abril de 2012

A Origem e a Resistêcia

A partir do século XVI, a cultura canavieira e a busca por minerais preciosos fizeram da região do médio São Francisco um local de intenso trânsito tanto para o norte e nordeste do país quanto para as Minas Gerais.

Naquele cenário, coube à região o importante papel da pecuária que, durante mais de 200 anos foi a sua atividade principal. A história de Mangal e Barro Vermelho está inserida dentro desse contexto. A própria comunidade reconhece sua ascendência nos antigos escravos das fazendas de gado.   


A memória da comunidade dá conta da existência de duas grandes fazendas (Tabuleiro e Mangal) na região até as primeiras décadas do século XIX. A partir dessa época, as fazendas foram sendo divididas por herança e venda.  


Com a instituição da Lei de Terras em 1850 iniciou-se o primeiro processo de expulsão violenta de população negra residente na região. As conseqüências só não foram mais graves devido a um fato curioso relatado pelos comunitários mais idosos. Na Fazenda Mangal, o proprietário era conhecido como capitão João e tinha uma filha adotiva, chamada Gertrudes. Em dado momento da história, Gertrudes teria se apaixonado por um vaqueiro da região. Seu pai, desgostoso com o relacionamento, mudou-se para outra propriedade deixando sua filha em Mangal. Algum tempo depois, Gertrudes achou por bem doar grande parte da Fazenda Mangal a Nossa Senhora do Rosário, padroeira do lugar. Na memória da comunidade a doação teria acontecido após a abolição.


Com a doação, a fazenda ficou relativamente desvinculada dos conflitos. A comunidade já residente ficou um pouco resguardada naquela porção de terra e pôde inclusive receber outras pessoas expulsas das localidades próximas. Não faltaram, porém, algumas tentativas de fazendeiros e grileiros de se apropriar da área.


A partir de 1970, os incentivos econômicos proporcionados pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) motivaram uma nova tentativa de expulsão dos quilombolas de suas terras. O símbolo maior daquele tempo foi o cercamento das terras por grileiros ou fazendeiros que pretendiam delimitar ou expandir seus domínios.


Na década de 1990, amparados pelo artigo 68 da ADCT da Constituição Federal e pelo artigo 51 da Constituição do Estado da Bahia, os quilombolas passaram a reivindicar a titulação de suas terras. Reivindicação que foi atendida com a entrega dos títulos outorgados em 1999 e 2000
                                                              
                                               Jailton Santos Oliveira

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