segunda-feira, 9 de abril de 2012

Nossas Culturas e Tradições


                                                 MARUJADA
     É realizada no dia 8 de outubro.São festejos á Nossa Senhora do Rosário(padroeira da região)e a Nossa  Senhora da Conçeição.Esses festejos são os que mais movimentam a comunidade,pois é ,uma tradição muito linda e chamativa.
         O ritual da marujada é realizada exclusivamente por homens,onde inclui cantos e incenações.Os
 componentes da Marujada usam uma vestimenta específica composta por uma tradicional farda branca ,uma faixa transversal  que desce do ombro direito em direção ao lado esquerdo do corpo e um chapeu de palha enfeitado com papel crepe coloridos .A coloração da faixa e do chapeu  é outro signo importante e varia conforme o motivo do festejo. Em geral utiliza-se a faixa vermelha  e o chapeu enfeitado com várias cores de papel crepe.No entanto, quando a festa tem como homenagem  a  uma pessoa já falecida, usa-se a faixa azul e o chapeu enfeitado com papel crepe( branco e azul)

A festa inicia-se no alvorecer do dia, em um porto localizado nos limites entre Mangal e Barro Vermelho. Os marujos postam-se de pé em canoas e, navegando aos pares, chegam até o porto de Mangal. Durante o trajeto, a população local acompanha das margens do rio a passagem da Marujada e a saúda com fogos de artifício. Chegando ao porto de Mangal, os marujos descem de suas canoas e se dirigem à igreja, marchando e saudando a padroeira e os santos devotados.

A Marujada tem como figuras centrais: o mestre, o contra-mestre, o "ração" e o "careta". Ao mestre cabe entoar cantos e conduzir cerca de 30 homens (denominados pelotão) que o acompanham com seus pandeiros, vozes e marcha ritmada. No intervalo entre um canto e outro, o mestre convoca o "ração".

Fechando o pelotão que acompanha o mestre, o "ração" é um menino que atende rapidamente ao chamado e se dirige para a frente do grupo. Em seguida, bate continência ao mestre e enuncia: "Pronto patrão!". A partir daí, o mestre passa a questionar o "ração" sobre a disponibilidade da tropa para seguir. A cada resposta o pelotão realiza uma batida com os pés e uma pancada seca dos pandeiros.

Durante a passagem da Marujada, o contra-mestre tem a função de controlar a evolução da tropa, corrigindo os descompassos e ritmos irregulares. Já o quarto personagem central é o "careta", que, com vestimenta especial, portando chibata e adornado com uma máscara no rosto, açoita aqueles que o provocam ou que ele deseja assustar.
Jailton Santos Oliveira

domingo, 8 de abril de 2012

Atividades Econômicas

A agricultura de subsistência, com destaque para as culturas de feijão, mandioca e milho, é a principal atividade dos quilombolas de Mangal e Barro Vermelho. Desenvolvida com maior intensidade nos meses de dezembro a março, a agricultura é realizada em grande parte na roça comunitária. Nesse espaço, com regras de uso definidas, os membros da comunidade que não dispõem de outras fontes de renda têm o direito de plantar. Além da roça comunitária, alguns também plantam em pequenas porções de terra junto à própria residência.

A criação de animais, ainda que diminuta, também tem sua importância para as comunidades. Do rebanho caprino tira-se o leite e a força motriz. Já as galinhas e os porcos servem, muitas vezes, como alimento nas diversas festas organizadas pela comunidade.


Historicamente a pesca, realizada no rio e nas lagoas formadas na época de seca, sempre foi outra atividade relevante para a comunidade. A partir da década de 1970, com o agravamento das restrições impostas pelos fazendeiros, a pesca teve uma retração grande, mas ainda é praticada pelos comunitários.


A importância da pesca pode ser revelada pela variedade de métodos de pesca, alguns deles com nomes criados pela própria comunidade: anzol, tarrafa, "trio" (fios de arame farpado em que são colocadas iscas), "mergo" (arpão fincado na ponta de uma vara) e arco-e-flecha. De todos os métodos de pesca, somente o arco-e-flecha não é mais utilizado, sendo lembrado apenas como método dos antepassados.  


Outra fonte de renda comum na região era a venda de dias de trabalho dos comunitários para fazendeiros das localidades próximas. Mas esse tipo de contratação diminuiu consideravelmente em razão dos conflitos e da decadência da região, que levou muitos fazendeiros a deixar suas terras                                                 
                                                   Jailton Santos Oliveira

A Origem e a Resistêcia

A partir do século XVI, a cultura canavieira e a busca por minerais preciosos fizeram da região do médio São Francisco um local de intenso trânsito tanto para o norte e nordeste do país quanto para as Minas Gerais.

Naquele cenário, coube à região o importante papel da pecuária que, durante mais de 200 anos foi a sua atividade principal. A história de Mangal e Barro Vermelho está inserida dentro desse contexto. A própria comunidade reconhece sua ascendência nos antigos escravos das fazendas de gado.   


A memória da comunidade dá conta da existência de duas grandes fazendas (Tabuleiro e Mangal) na região até as primeiras décadas do século XIX. A partir dessa época, as fazendas foram sendo divididas por herança e venda.  


Com a instituição da Lei de Terras em 1850 iniciou-se o primeiro processo de expulsão violenta de população negra residente na região. As conseqüências só não foram mais graves devido a um fato curioso relatado pelos comunitários mais idosos. Na Fazenda Mangal, o proprietário era conhecido como capitão João e tinha uma filha adotiva, chamada Gertrudes. Em dado momento da história, Gertrudes teria se apaixonado por um vaqueiro da região. Seu pai, desgostoso com o relacionamento, mudou-se para outra propriedade deixando sua filha em Mangal. Algum tempo depois, Gertrudes achou por bem doar grande parte da Fazenda Mangal a Nossa Senhora do Rosário, padroeira do lugar. Na memória da comunidade a doação teria acontecido após a abolição.


Com a doação, a fazenda ficou relativamente desvinculada dos conflitos. A comunidade já residente ficou um pouco resguardada naquela porção de terra e pôde inclusive receber outras pessoas expulsas das localidades próximas. Não faltaram, porém, algumas tentativas de fazendeiros e grileiros de se apropriar da área.


A partir de 1970, os incentivos econômicos proporcionados pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) motivaram uma nova tentativa de expulsão dos quilombolas de suas terras. O símbolo maior daquele tempo foi o cercamento das terras por grileiros ou fazendeiros que pretendiam delimitar ou expandir seus domínios.


Na década de 1990, amparados pelo artigo 68 da ADCT da Constituição Federal e pelo artigo 51 da Constituição do Estado da Bahia, os quilombolas passaram a reivindicar a titulação de suas terras. Reivindicação que foi atendida com a entrega dos títulos outorgados em 1999 e 2000
                                                              
                                               Jailton Santos Oliveira

Sua Localizacao e Titulacao das Terras

As comunidades remanescentes de quilombo Mangal e Barro Vermelho estão localizadas no município de Sítio do Mato, às margens do rio São Francisco na região conhecida como médio São Francisco

As terras das comunidades já estão tituladas. Inicialmente, em janeiro de 1999, foi titulada uma área de 153 hectares pelo Instituto de Terras da Bahia (Interba) em conjunto com a Fundação Cultural Palmares. Foi a primeira comunidade baiana a ser titulada pelo órgão Estadual. Já em julho de 2000, outros 7.615 hectares foram titulados pela Fundação Cultural Palmares.


Antes da conquista da titulação, porém, os quilombolas de Mangal e Barro Vermelho experimentaram a violência e o conflito. E, como outras comunidades quilombolas da região, resistiram.

                                                          Jailton Santos Oliveira